USP Lidera Inovação: Proposta de Moeda Digital Institucional Revoluciona Gestão Universitária no Brasil
Data atual: 18 de dezembro de 2025
Em um cenário global cada vez mais imerso na transformação digital e na busca por eficiência, a Universidade de São Paulo (USP), uma das maiores e mais prestigiadas instituições de ensino e pesquisa da América Latina, desponta com uma proposta inovadora que promete redefinir os paradigmas da gestão pública e acadêmica no Brasil. Pesquisadores da própria universidade desenvolveram um estudo detalhado sobre a viabilidade e os benefícios da criação de uma moeda digital institucional, um ativo que, embora inspirado na tecnologia blockchain, se distancia do caráter especulativo das criptomoedas para focar em governança, transparência e otimização de recursos.
A iniciativa, encabeçada pelos pesquisadores Amaury José Rezende, Flávio Alves de Carvalho e Roberto Miranda Pimentel Fully, surge como uma resposta estratégica à complexidade inerente à administração de uma megainstituição como a USP. A ideia é modernizar a gestão universitária, introduzindo um mecanismo capaz de alinhar de forma inédita eficiência operacional, transparência nos gastos e inovação tecnológica.
A Era da Inovação Financeira na Gestão Pública e Acadêmica
O ano de 2025 consolida um período de intensa experimentação e adoção de tecnologias financeiras disruptivas em diversos setores. Enquanto o mercado de criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereum, continua a amadurecer e a enfrentar novos desafios regulatórios globalmente, a tecnologia subjacente – o blockchain – encontra aplicações cada vez mais diversificadas, especialmente em contextos que demandam rastreabilidade, segurança e imutabilidade de registros.
No Brasil, a discussão sobre moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) avança, com o Drex do Banco Central em fase de testes, sinalizando um futuro onde a digitalização da moeda transcende o setor privado. É nesse ambiente efervescente que a proposta da USP se insere, não como uma iniciativa de cunho monetário no sentido tradicional, mas como uma ferramenta de gestão interna que se apropria dos princípios da tokenização para resolver problemas crônicos da administração pública.
O Diagnóstico: Lacunas na Gestão de Recursos Públicos
A gênese da proposta reside em um diagnóstico claro e contundente: apesar de sua estrutura complexa e diversificada, a USP, como muitas grandes instituições públicas, ainda opera com instrumentos limitados para mensurar a qualidade do gasto público e a produtividade de suas inúmeras unidades. Amaury José Rezende, com sua experiência administrativa, destaca que essa percepção se tornou um motor para a pesquisa.
"Faltavam métricas padronizadas capazes de capturar a qualidade do gasto e o valor gerado pelos serviços internos," explica Rezende, apontando que, mesmo com avanços como o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), lacunas importantes persistiam na visibilidade e na análise detalhada dos fluxos de trabalho e dos custos associados. A falta de dados granulares e de um sistema integrado de rastreamento dificulta a tomada de decisões baseadas em evidências, a identificação de gargalos e a otimização contínua dos processos.
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A proposta, preliminarmente batizada de **₿itUSP**, sugere a criação de um ativo digital que se diferencia fundamentalmente das criptomoedas especulativas que dominam as manchetes do mercado financeiro. O ₿itUSP não visa ser uma moeda de troca no mercado aberto, nem um investimento de risco. Em vez disso, ele é concebido como um registro digital padronizado das transações internas da Universidade, lastreado em créditos orçamentários já existentes.
Desmistificando a Natureza do ₿itUSP
É crucial entender que o ₿itUSP não cria recursos novos para a universidade. Ele representa a tokenização de verbas orçamentárias já alocadas. Cada token de ₿itUSP corresponderia a uma fração de créditos orçamentários reais, convertidos para permitir rastreamento, mensuração e gerenciamento digital. Esse modelo opera em um circuito fechado, garantindo que a proposta esteja em conformidade com as rigorosas normas de administração pública e não gere riscos financeiros ou especulativos para a instituição. A tecnologia blockchain, ou um sistema de registro distribuído (DLT) similar, seria a espinha dorsal para garantir a segurança, a imutabilidade e a transparência desses registros.
Os Três Pilares da Moeda Digital da USP
Os pesquisadores destacam que a moeda digital institucional da USP cumpriria três funções centrais e interligadas, cada uma contribuindo para uma gestão mais eficaz e engajada.
1. Instrumento Gerencial para Otimização de Custos
A primeira função do ₿itUSP é atuar como um poderoso instrumento gerencial. Ao tokenizar os créditos orçamentários e as transações de serviços internos, a universidade ganharia uma visibilidade sem precedentes sobre os custos e os volumes de serviços prestados entre suas diversas unidades. Por exemplo, o uso de um laboratório de pesquisa por um departamento, ou o suporte técnico prestado por uma equipe central, seria registrado como um débito para quem utiliza e um crédito para quem entrega o serviço.
Essa granularidade permitiria à administração central e às próprias unidades visualizar fluxos de recursos que hoje permanecem invisíveis ou fragmentados em sistemas contábeis tradicionais. A análise desses dados alimentaria painéis de gestão em tempo real, capazes de mostrar tendências, comparar a eficiência entre unidades e orientar decisões orçamentárias de forma mais estratégica e baseada em dados concretos.
2. Mecanismo de Incentivo e Alinhamento Estratégico
A segunda função é a de um mecanismo de incentivo. O ₿itUSP poderia vincular a alocação de créditos orçamentários ao cumprimento de metas institucionais específicas. Unidades que demonstrassem maior eficiência, inovação em pesquisa, ou excelência em serviços internos poderiam ser recompensadas com créditos adicionais, incentivando a busca por melhores resultados e o alinhamento com os objetivos estratégicos da universidade.
Esse sistema de incentivos baseados em performance promoveria uma cultura de responsabilidade e meritocracia interna, encorajando as unidades a otimizar seus processos e a colaborar de forma mais eficaz.
3. Fortalecimento da Identidade e Engajamento Comunitário
Por fim, o ₿itUSP teria um papel simbólico fundamental, reforçando o pertencimento e a identidade uspiana. A moeda digital ajudaria a tornar visível o trabalho que já acontece internamente e que, muitas vezes, não é reconhecido pelas métricas tradicionais. Além disso, a proposta prevê mecanismos de engajamento da comunidade acadêmica. Docentes, estudantes e servidores poderiam utilizar créditos simbólicos de ₿itUSP em serviços culturais, acadêmicos e de bem-estar oferecidos pela universidade.
Esse sistema poderia também incentivar práticas sociais e comunitárias, como a participação em campanhas de extensão, doações para projetos internos ou atividades voluntárias, criando um ecossistema de valorização e reconhecimento mútuo dentro da instituição.
A Operacionalização e os Ganhos em Transparência e Governança
O funcionamento do ₿itUSP seria relativamente simples em sua concepção. A administração central da USP definiria quais créditos orçamentários seriam convertidos em tokens. As unidades da universidade passariam a operar com carteiras digitais institucionais, onde os ₿itUSPs seriam gerenciados.
Fluxo de Operações: Da Administração Central às Carteiras Digitais
Cada serviço prestado internamente – seja um exame laboratorial, um atendimento administrativo, o uso de equipamentos de alta tecnologia ou o apoio técnico especializado – seria registrado como um débito para a unidade que o utiliza e um crédito para a unidade que o entrega. Essa metodologia permite identificar e quantificar fluxos de recursos e serviços que hoje permanecem invisíveis ou fragmentados em múltiplos sistemas.
Roberto Miranda Pimentel Fully reforça essa visão estratégica: "A rastreabilidade ampliada pela moeda digital institucional aumenta drasticamente a capacidade de gestão baseada em evidências e reduz assimetrias informacionais, permitindo uma alocação de recursos mais justa e eficiente."
Transparência e Auditoria na Era Digital
Um dos pontos mais relevantes da proposta é o reforço à governança. O modelo prevê regras claras de emissão, uso e auditoria dos ₿itUSPs. Todos os registros operariam de forma rastreável e transparente, sendo compatíveis com as normas de administração pública e as exigências dos órgãos de controle. A imutabilidade do registro em blockchain garantiria a integridade dos dados e facilitaria o trabalho de auditoria, ampliando a transparência e a prestação de contas. Isso representa um avanço significativo na luta contra a corrupção e na promoção da boa governança em instituições públicas.
Desafios e o Futuro da Inovação na Gestão Pública Brasileira
Apesar do potencial transformador, a implementação do ₿itUSP não estaria isenta de desafios. Questões como a infraestrutura tecnológica necessária, a segurança cibernética, a




