Bitcoin Navega em Águas Turbulentas: Pressão de Venda e Cautela Marcam o Fim de 2025
Data: 19 de dezembro de 2025
À medida que o ano de 2025 se aproxima do fim, o mercado de criptoativos, e o Bitcoin em particular, encontra-se em um delicado equilíbrio. A principal criptomoeda digital tem enfrentado uma resistência significativa, com seu potencial de valorização aparentemente contido por uma "parede" de oferta oriunda de investidores que, atualmente, registram prejuízos. Este cenário, somado à escassez de demanda robusta no mercado à vista e a uma postura defensiva no setor de derivativos, pinta um quadro de fragilidade para o Bitcoin, especialmente com a chegada do período de festas de fim de ano, tradicionalmente marcado por baixa liquidez.
A volatilidade tem sido uma constante nos últimos dias. Na última quarta-feira, 17 de dezembro, o Bitcoin iniciou o dia negociado em torno de US$ 86.300, experimentando um breve rali que o levou a ultrapassar os US$ 90.200 no período da tarde, antes de recuar novamente para a faixa dos US$ 85.000. Já na quinta-feira, 18 de dezembro, a criptomoeda demonstrou um novo fôlego, subindo para US$ 86.000, impulsionada por dados dos EUA que indicaram uma queda na inflação maior do que o esperado. No entanto, a incerteza paira sobre o futuro próximo, com a expectativa de que a baixa liquidez do feriado amplifique ainda mais os movimentos de preço.
Dinâmica de Preços Recente: Entre Derivativos e Vendas à Vista
A análise dos movimentos recentes do Bitcoin revela uma complexa interação entre diferentes perfis de investidores e mercados. A breve recuperação observada na quarta-feira, 17 de dezembro, por exemplo, foi predominantemente impulsionada por traders atuantes no mercado de derivativos.
A Influência dos Traders de Derivativos
Dados de plataformas de análise de mercado, como a Velo, indicam que o pico de pressão compradora naquele dia teve origem em investidores de derivativos. Isso foi evidenciado por um notável aumento no "interesse aberto" – o valor total de contratos de derivativos não liquidados – e por um "delta positivo no volume cumulativo de contratos perpétuos". Em termos mais simples, um delta positivo significa que o volume de ordens de compra a mercado superou o de ordens de venda a mercado em um determinado período.
Este padrão sugere que as compras recentes de Bitcoin foram, em grande parte, orquestradas por traders que utilizam alavancagem em plataformas de derivativos, buscando capitalizar em movimentos de curto prazo. Embora tais operações possam gerar impulsos de preço significativos, elas frequentemente carecem da sustentabilidade e da profundidade de mercado que as compras diretas no mercado à vista proporcionam. A dependência de derivativos para impulsionar ralis pode indicar uma falta de convicção de longo prazo por parte de investidores de maior porte ou institucionais no mercado spot.
A Força dos Vendedores no Mercado à Vista
Em contraste com a atividade nos derivativos, a subsequente retração do Bitcoin no mesmo dia foi atribuída, principalmente, à pressão de venda no mercado à vista. A queda no "delta do volume cumulativo à vista" confirmou que os vendedores diretos de Bitcoin superaram os compradores, levando a uma reversão dos ganhos.
Essa dinâmica ressalta uma preocupante dicotomia: enquanto os derivativos podem gerar picos de preço de curta duração, a verdadeira saúde e a sustentabilidade de um rali dependem da demanda genuína no mercado à vista. A rejeição de níveis de preço mais altos, seguida por vendas à vista, sugere que muitos detentores de Bitcoin estão aproveitando qualquer oportunidade de alta para liquidar suas posições, especialmente aqueles que estão no prejuízo ou buscando realizar lucros modestos.
Muros de Oferta e Níveis Críticos de Resistência
A análise aprofundada do mercado revela que o Bitcoin enfrenta barreiras substanciais que limitam seu avanço. A "densidade de oferta acumulada" entre US$ 93.000 e US$ 120.000, conforme apontado por relatórios da Glassnode, atua como um verdadeiro muro de contenção.
O Peso dos Investidores no Prejuízo
Este muro de oferta é composto, em grande parte, por investidores que adquiriram Bitcoin em patamares mais elevados e agora se encontram com suas posições no prejuízo. A cada tentativa de valorização, esses detentores são incentivados a vender suas criptomoedas para minimizar perdas ou, no mínimo, sair do mercado com o custo de aquisição. Essa pressão de venda contínua cria uma espécie de "teto de preço" psicológico e técnico, dificultando qualquer movimento ascendente sustentável. A presença de um grande volume de moedas "em prejuízo" é um indicador clássico de um mercado que ainda não encontrou um fundo sólido ou que está em uma fase de acumulação prolongada.
Níveis Chave de Suporte e Resistência
O estudo da Glassnode também destaca níveis técnicos cruciais para a trajetória do Bitcoin. Qualquer avanço significativo provavelmente "permanecerá limitado" enquanto o preço se mantiver abaixo do "quantil 0,75", que atualmente ronda os US$ 95.000. O quantil 0,75 representa um ponto estatístico que indica que 75% dos Bitcoins em circulação foram adquiridos a um preço inferior ao atual, servindo como um forte nível de resistência onde muitos investidores podem estar dispostos a vender.
Além disso, a recuperação do "nível de equilíbrio dos detentores de curto prazo" em US$ 101.500 é vista como essencial para uma mudança de tendência mais otimista. Este nível representa o custo médio de aquisição para investidores que detêm Bitcoin por menos de 155 dias, e sua recuperação seria um sinal de que esses participantes mais voláteis do mercado estão novamente em lucro e com maior confiança.
Por outro lado, a "verdadeira média de mercado" – o custo médio de aquisição do Bitcoin mantido por investidores ativos – atualmente em US$ 81.500, tem atuado como um suporte crucial. Este nível tem absorvido a pressão vendedora até agora, evitando quedas mais acentuadas. A grande questão que paira no ar é por quanto tempo essa base de suporte conseguirá se manter firme diante da persistente pressão de venda e da falta de demanda robusta.
Cenário Macroeconômico e o Fator Liquidez
O panorama macroeconômico global continua a desempenhar um papel fundamental na precificação dos ativos de risco, incluindo o Bitcoin. A recente divulgação de dados de inflação nos EUA, que mostraram uma desaceleração maior do que o previsto, injetou um breve otimismo no mercado.
Impacto da Inflação e Expectativas para 2026
A queda da inflação é geralmente vista como um fator positivo para ativos de risco, pois pode aliviar a pressão sobre os bancos centrais para manterem políticas monetárias restritivas, abrindo caminho para possíveis cortes de juros no futuro. Essa perspectiva pode tornar ativos como o Bitcoin mais atraentes em comparação com investimentos de renda fixa. No entanto, a reação do mercado cripto tem sido cautelosa, indicando que outros fatores, como a estrutura interna do mercado e o sentimento dos investidores, estão exercendo uma influência mais imediata.
Ryan Yoon, analista sênior da Tiger Research, sediada em Seul, compartilhou sua perspectiva com o Decrypt, afirmando que "é improvável que vejamos um 'salto explosivo' significativo do Bitcoin antes do fim de 2025, dado o atual sentimento pessimista". Ele complementa, contudo, que "se os próximos dados do CPI forem favoráveis, poderemos ver um rali de alívio de curto prazo, à medida que o mercado reage à possibilidade de uma redução das pressões inflacionárias." Esta análise corrobora a visão de que, embora os fundamentos macroeconômicos possam oferecer um respiro, a estrutura interna do mercado do Bitcoin ainda não está pronta para um movimento de alta prolongado.
O Efeito da Baixa Liquidez de Fim de Ano
A proximidade das festas de fim de ano traz consigo uma preocupação adicional: a baixa liquidez. Historicamente,
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