Tether Rumo à Tokenização de Ações: Uma Revolução na Governança Corporativa Cripto
Data: 14 de dezembro de 2025
No dinâmico e muitas vezes imprevisível universo das finanças digitais, a Tether, emissora da maior stablecoin do mundo, o USDT, está mais uma vez na vanguarda da inovação. Fontes próximas à companhia revelam que a gigante cripto está ativamente explorando a tokenização de suas próprias ações. Esta medida estratégica, que tem sido discutida nos bastidores desde meados de 2024, visa não apenas proporcionar liquidez a seus investidores, mas também redefinir o paradigma de captação de recursos e governança corporativa no setor de ativos digitais.
A potencial tokenização das ações da Tether representa um marco significativo. Como uma empresa privada com uma valuation ambiciosa de US$ 500 bilhões – um patamar que a colocaria entre as companhias mais valiosas do mundo, ao lado de gigantes como OpenAI e SpaceX – a Tether busca levantar US$ 20 bilhões em capital. Este movimento não é apenas uma busca por financiamento, mas uma declaração audaciosa sobre o futuro da propriedade e da liquidez no mercado privado, utilizando a própria tecnologia que a impulsionou ao estrelato.
A Estratégia por Trás da Tokenização
A decisão de tokenizar ações não é trivial, especialmente para uma empresa do porte e da complexidade regulatória da Tether. No entanto, os benefícios potenciais são substanciais e podem resolver desafios inerentes a empresas privadas de alto crescimento.
Liquidez para Acionistas e Recompras Estratégicas
Um dos principais motivadores para a tokenização é a necessidade de oferecer liquidez aos acionistas existentes. Em empresas privadas, a venda de participações pode ser um processo moroso e complexo, muitas vezes dependendo de eventos específicos como aquisições ou ofertas públicas iniciais (IPOs). A tokenização de ações permite que os acionistas vendam suas participações de forma mais eficiente, fracionada e potencialmente em um mercado secundário mais acessível, sem a necessidade de uma listagem em bolsa tradicional.
Historicamente, a Tether enfrentou situações onde acionistas buscavam vender grandes volumes de ações, como um caso reportado em 2024, onde um investidor tentou negociar uma participação de US$ 1 bilhão com uma valuation inferior à almejada pela empresa. Tais vendas podem gerar preocupações sobre a percepção de mercado e a capacidade de captação de recursos. A tokenização oferece um mecanismo mais controlado e transparente para a movimentação de capital, permitindo que a própria Tether realize recompras de ações de forma mais ágil e estratégica, protegendo sua valuation e evitando vendas desordenadas que poderiam prejudicar seus esforços de captação. A gestão da empresa tem sido enfática ao desaconselhar tentativas de contornar os processos estabelecidos, sublinhando a importância de uma abordagem coordenada para a liquidez de suas ações.
O Dilema da Avaliação e a Busca por Capital
A meta de captação de US$ 20 bilhões com uma valuation de US$ 500 bilhões coloca a Tether em um clube exclusivo. Para contextualizar, em 2024, empresas como OpenAI e SpaceX estavam entre as mais valiosas do mundo, com valuations que variavam na casa das centenas de bilhões de dólares. A ambição da Tether reflete não apenas o seu sucesso operacional, mas também a crença no potencial de crescimento exponencial do ecossistema de stablecoins e da infraestrutura blockchain.
A alta valuation da Tether é sustentada por seu modelo de negócios robusto e altamente lucrativo. Ao contrário de muitas startups de tecnologia que operam com prejuízo por anos, a Tether gera lucros substanciais a partir dos rendimentos de suas reservas. Este fluxo de receita consistente a posiciona de forma única no mercado, justificando a confiança de potenciais investidores. A tokenização, neste contexto, pode ser uma forma de acessar um pool de capital mais amplo e diversificado, incluindo investidores institucionais e de varejo com apetite por ativos digitais, que talvez não tivessem acesso a uma oferta privada tradicional.
O Poder Econômico da Tether: Um Modelo de Negócios Único
Para compreender a magnitude da Tether e sua valuation, é essencial analisar seu modelo de negócios e seu papel central no ecossistema cripto.
A Ascensão do USDT e a Geração de Receita
A Tether Limited é a empresa por trás do USDT, a maior stablecoin do mundo em capitalização de mercado. Stablecoins são criptoativos projetados para manter um valor estável, geralmente atrelado a uma moeda fiduciária como o dólar americano. O USDT é amplamente utilizado para negociações, remessas e como porto seguro em momentos de volatilidade do mercado cripto.
A receita da Tether é gerada principalmente a partir dos rendimentos dos ativos que compõem suas reservas. Essas reservas, que lastreiam cada USDT emitido, são compostas por uma variedade de ativos, incluindo títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo, depósitos bancários, ouro e outros investimentos. Com a capitalização de mercado do USDT superando a marca de US$ 200 bilhões em dezembro de 2025 – um crescimento notável em relação aos US$ 186 bilhões registrados em meados de 2024 –, a Tether possui uma vasta carteira de investimentos. Em um ambiente de taxas de juros elevadas, os rendimentos sobre esses bilhões de dólares representam um fluxo de caixa considerável e consistente, solidificando sua posição como uma das empresas mais lucrativas no espaço cripto.
Cenário Competitivo e a Relevância da Regulação
O mercado de stablecoins é competitivo, mas o USDT mantém uma liderança inquestionável. Seu principal concorrente, o USDC da Circle, também experimentou crescimento, embora com uma capitalização de mercado significativamente menor, aproximando-se dos US$ 90 bilhões em 2025. A Circle, em um movimento estratégico diferente, optou por abrir seu capital em 2024, com uma valuation de US$ 6,9 bilhões, um evento que gerou grande interesse em Wall Street e serviu como um termômetro para a aceitação de empresas cripto no mercado tradicional.
A regulação de stablecoins tem sido um tema central para o setor. A aprovação de marcos regulatórios como o MiCA (Markets in Crypto-Assets) na União Europeia e as discussões contínuas nos Estados Unidos sobre uma legislação federal para stablecoins, têm moldado as estratégias




