ABcripto Supera Crise Interna, Reconhece Erro e Reinicia Gestão sob Nova Liderança em Momento Crucial para o Mercado Cripto Brasileiro
Data: 21 de dezembro de 2025
O cenário das notícias cripto no Brasil foi marcado, nos últimos dias, por uma reviravolta significativa na Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto). Em um anúncio que reverberou por todo o mercado financeiro nacional, a entidade comunicou, na última sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, o encerramento de um processo judicial que ela mesma havia movido contra seus conselheiros. Mais do que um simples arquivamento, a ABcripto fez uma retratação pública, reconhecendo a legitimidade das ações de seus conselheiros e pavimentando o caminho para uma nova fase de governança e representatividade.
Este desfecho não é apenas um capítulo final em uma disputa interna; ele simboliza um amadurecimento institucional crucial para o ecossistema de criptoativos no Brasil. Em um período de intensa discussão sobre regulação cripto e inovação financeira, a estabilidade e a credibilidade de uma entidade como a ABcripto são mais importantes do que nunca. A resolução da crise, que culminou na eleição de Julia Rosin como nova presidente na terça-feira anterior, 16 de dezembro, promete fortalecer a voz do setor em Brasília e impulsionar o desenvolvimento da blockchain e de novas tecnologias no país.
Uma Crise de Governança na Principal Entidade Cripto Brasileira
A ABcripto, criada para ser a principal voz do setor de criptoeconomia no Brasil, representando empresas e profissionais que atuam com ativos digitais, viu-se envolvida em uma séria crise de governança nos últimos meses. O embate, que se tornou público em meados de novembro, revelou profundas divergências sobre a gestão e a transparência da associação.
O Estopim da Disputa Judicial
O ponto de partida para a escalada da crise foi a ação judicial movida pelo então presidente da ABcripto, Bernardo Srur. Em 19 de novembro de 2025, Srur formalizou um processo contra quatro membros proeminentes do conselho da entidade. Os conselheiros envolvidos eram figuras de peso no mercado de criptoativos: André Portilho, representando a Mynt (plataforma de criptoativos do BTG Pactual); Maria Isabel Sica, da Ripple, uma das maiores empresas de tecnologia blockchain do mundo; Renata Mancini, da Ripio, exchange latino-americana de destaque; e Daniel de Paiva Gomes, da Paiva Gomes Consultoria LTDA, especialista em direito digital.
A acusação de Srur era clara: ele alegava que os conselheiros estavam tentando convocar uma assembleia geral extraordinária com o objetivo de deliberar sobre a substituição da presidência da associação. Para o então presidente, essa movimentação seria uma tentativa de tomada de poder ilegítima, desrespeitando os estatutos da entidade. A ação judicial buscava, portanto, impedir a realização dessa assembleia e manter a estrutura de poder vigente.
As Acusações dos Conselheiros e a Busca por Transparência
Do outro lado da disputa, os quatro executivos não tardaram em apresentar sua versão dos fatos e suas próprias acusações. O cerne da argumentação dos conselheiros girava em torno da falta de transparência na gestão financeira da ABcripto e de um controle que consideravam antidemocrático por parte da então presidência. Eles defendiam que suas ações estavam em conformidade com o "múnus estatutário", ou seja, com os deveres e responsabilidades que lhes eram atribuídos pelo estatuto da associação.
Em um setor que preza pela descentralização e pela auditabilidade inerente à tecnologia blockchain, a alegação de falta de transparência é particularmente grave. A governança corporativa, especialmente em entidades setoriais que representam interesses coletivos, exige altos padrões de prestação de contas e de processos decisórios claros. A disputa, portanto, transcendia a mera briga por poder, tocando em princípios fundamentais de como uma associação representativa deve operar. As acusações dos conselheiros sinalizavam uma preocupação genuína com a integridade e a credibilidade da ABcripto perante seus membros e o mercado.
A Virada de Mesa: Eleição e Nova Liderança
A crise interna na ABcripto atingiu um ponto de inflexão que exigiu uma solução rápida e democrática para restabelecer a ordem e a confiança na entidade. O desdobramento natural de um impasse dessa magnitude foi a convocação de uma eleição para a presidência, um movimento que se mostrou decisivo para o futuro da associação.
O Cenário da Eleição e a Ascensão de Julia Rosin
Em meio ao turbilhão de acusações e contra-acusações, a comunidade cripto brasileira observou atentamente a ABcripto. A eleição, realizada na última terça-feira, 16 de dezembro de 2025, foi um marco. Julia Rosin, uma consultora de políticas públicas para a América Latina da Coinbase – uma das maiores e mais reconhecidas exchanges de criptoativos do mundo –, emergiu como a nova presidente da associação.
A escolha de Julia Rosin é estratégica e reflete a busca da ABcripto por uma liderança com experiência global e profundo conhecimento das complexidades regulatórias. Sua atuação na Coinbase, empresa que opera em diversas jurisdições e lida diretamente com legisladores e reguladores, confere a ela uma perspectiva valiosa para os desafios que a ABcripto enfrentará. A nova presidente assume o comando em um momento em que a regulação cripto no Brasil está em constante evolução, com o país se posicionando como um dos líderes na América Latina em termos de arcabouço legal para ativos digitais. A expectativa é que sua liderança traga um novo fôlego para as discussões sobre o tema, promovendo um diálogo construtivo entre o setor privado e as autoridades.
A Retratação Oficial e o Caminho para a Reconciliação
O anúncio de 19 de dezembro de 2025 pela ABcripto não foi apenas o encerramento de um processo judicial; foi um ato de reconhecimento e de busca por reconciliação, essencial para a reconstrução da confiança.
O Acordo Judicial e o Reconhecimento dos Fatos
A ABcripto comunicou formalmente que "celebrou um acordo para o encerramento definitivo da ação judicial em curso". O ponto mais relevante dessa comunicação, no entanto, foi o reconhecimento explícito da entidade sobre a "veracidade dos fatos narrados pelos Conselheiros nos autos do processo judicial". Essa admissão é um marco, pois valida as preocupações levantadas pelos conselheiros sobre a gestão anterior e a falta de transparência.
A retratação pública, contida na nota oficial, esclareceu que a conduta dos conselheiros envolvidos "pautou-se estritamente pelo seu múnus estatutário". Isso significa que suas ações foram consideradas legítimas e dentro das prerrogativas e deveres que lhes cabiam como membros do conselho, buscando zelar pelos interesses da associação. A ABcripto expressou ainda a esperança de que a retratação "minimize eventuais danos reputacionais causados" aos conselheiros, demonstrando um esforço para reparar os impactos negativos da disputa. Este movimento é um sinal de maturidade institucional e de compromisso com a ética e a boa governança.
Compromisso com a Transparência e Governança Futura
A nota da ABcripto não se limitou ao passado; ela projetou um futuro de renovação. A associação reforçou seu "compromisso com a transparência institucional e o aprimoramento da governança, visando promover um ambiente estável e ético para o desenvolvimento sustentável do setor". Essa declaração é fundamental, pois aborda diretamente as preocupações que originaram a crise.
A promessa de maior transparência e governança aprimorada é uma resposta direta às demandas dos conselheiros e da comunidade cripto




