Stablecoins Locais: A Vanguarda da Inovação Financeira na América Latina e o Domínio do Real
Data: 18 de dezembro de 2025
O cenário financeiro da América Latina está sendo profundamente redefinido. Em um movimento que consolida a tecnologia blockchain como um pilar essencial para a economia regional, as stablecoins atreladas a moedas locais estão prestes a alcançar a impressionante marca de R$ 32 bilhões em volume transacionado até o final de 2025. Esta projeção, oriunda do aprofundado relatório "The State of Local Stablecoins – Latam", divulgado pela Iporanga Ventures, não apenas sublinha a maturidade do mercado, mas também posiciona esses ativos digitais como uma infraestrutura crítica para operações de câmbio e pagamentos internacionais.
A ascensão dessas moedas digitais, cujo valor é pareado a uma moeda fiduciária específica (como o real, peso mexicano ou peso colombiano), transcende a mera especulação. Elas representam uma ponte eficiente e de baixo custo entre o sistema financeiro tradicional e a economia digital descentralizada, impulsionando a inovação e a inclusão em toda a região.
A Explosão do Mercado de Stablecoins Locais na América Latina
O ano de 2025 tem sido um marco para as stablecoins locais na América Latina. Brasil, México e Colômbia, os principais motores dessa revolução, já registraram um volume combinado de US$ 4,8 bilhões (equivalente a cerca de R$ 25,6 bilhões) em transações com stablecoins de suas respectivas moedas. A expectativa é que o volume total na região supere os US$ 6 bilhões (aproximadamente R$ 32 bilhões) até o final de dezembro, impulsionado por uma confluência de fatores, incluindo a crescente adoção institucional e a proliferação de novos casos de uso focados em câmbio e pagamentos transfronteiriços.
Este crescimento vertiginoso não é acidental. Ele reflete uma busca por maior eficiência, transparência e agilidade em um ambiente financeiro que tradicionalmente enfrenta desafios de custos e tempo em operações internacionais. A tecnologia blockchain, que sustenta essas stablecoins, oferece soluções robustas para esses entraves.
O Brasil na Vanguarda: O Real Digital e as Stablecoins de Real
No epicentro dessa transformação está o Brasil, que não apenas lidera o movimento, mas o faz com uma margem considerável. O país é responsável por notáveis 69% do volume total transacionado com stablecoins locais na América Latina. As projeções indicam que, até o final de 2025, o Brasil sozinho ultrapassará a marca de US$ 4 bilhões (cerca de R$ 21,3 bilhões) em operações on-chain envolvendo stablecoins atreladas ao real.
Este cenário solidifica a posição do real como o terceiro maior mercado de stablecoins do mundo em termos de oferta e volume, ficando atrás apenas do dólar americano e do euro. Tal proeminência é um testemunho da maturidade do ecossistema cripto brasileiro e do crescente interesse de empresas e instituições financeiras em explorar as vantagens da tokenização e dos pagamentos digitais. É importante notar que, embora o Banco Central do Brasil esteja avançando com o Real Digital (sua Moeda Digital de Banco Central – CBDC), as stablecoins de real mencionadas no relatório referem-se principalmente a iniciativas privadas, que já oferecem liquidez e utilidade no mercado, coexistindo e, por vezes, pavimentando o caminho para a futura CBDC.
A Dinâmica Regional: Colômbia e o Potencial de Crescimento
Enquanto o Brasil ostenta a liderança, outros países da região demonstram um crescimento impressionante. A Colômbia, por exemplo, viu o volume de stablecoins atreladas ao peso colombiano disparar de US$ 700 mil em outubro de 2024 para expressivos US$ 200 milhões no mesmo período de 2025. Esse salto espetacular é impulsionado principalmente por remessas de valores, operações de câmbio e pagamentos corporativos internacionais, evidenciando o potencial transformador dessas ferramentas em economias com forte fluxo de capital e necessidades de pagamentos eficientes.
Uma Mudança de Paradigma: Instituições Assumem a Liderança
Um dos dados mais reveladores do relatório da Iporanga Ventures é a significativa mudança no perfil dos usuários de stablecoins locais. Em 2024, o mercado era predominantemente dominado por investidores profissionais e grandes detentores de criptoativos. No entanto, em 2025, essa dinâmica se inverteu drasticamente.
Atualmente, instituições financeiras tradicionais, fintechs inovadoras, empresas de pagamentos e provedores de câmbio respondem por impressionantes 84% do volume negociado. Em contrapartida, o varejo representa apenas 4% das transações. Essa transição de um uso especulativo para uma adoção institucional e operacional sinaliza a consolidação das stablecoins como ferramentas financeiras legítimas e integradas, impulsionando a inovação financeira em larga escala. A crescente clareza regulatória em países como o Brasil, onde o Banco Central já enquadra transações com stablecoins como operações de câmbio, contribui para essa confiança institucional.
Casos de Uso Revolucionários: Redefinindo Câmbio e Pagamentos
A utilidade das stablecoins locais vai muito além da simples transferência de valor. Elas estão se consolidando como um novo "rail" (trilho) para o mercado de câmbio digital (FX), oferecendo liquidez contínua, custos significativamente menores e maior eficiência operacional em comparação com os métodos tradicionais.
Entre os principais casos de uso, destacam-se:
* **Câmbio On-Chain:** A capacidade de converter moedas fiduciárias em suas versões tokenizadas e vice-versa, diretamente na blockchain, elimina intermediários e reduz taxas. * **Pagamentos Internacionais:** Empresas e indivíduos podem realizar pagamentos transfronteiriços de forma quase instantânea e com custos reduzidos, superando as barreiras e a lentidão dos sistemas bancários legados. * **Rampas de Entrada e Saída Eficientes:** Facilitam a conversão de moedas fiduciárias para criptoativos e vice-versa, tornando o acesso ao mercado cripto mais fluido e acessível. * **Manutenção de Saldo em Moeda Local para Empresas Estrangeiras:** Empresas que operam na América Latina podem manter saldos em stablecoins locais, mitigando riscos de flutuação cambial e simplificando a gestão de tesouraria. * **Operações com Cartões de Crédito Cripto:** A integração de stablecoins com cartões permite gastos diários, convertendo cripto em fiat no ponto de venda, expandindo a utilidade desses ativos para o consumo cotidiano.
Mesmo com a redução de operações de arbitragem e de bots, a liquidez em exchanges descentralizadas (DEXs) que negociam stablecoins locais cresceu 262% em um ano, atingindo cerca de US$ 2 milhões em outubro de 2025. Este crescimento, focado em uso econômico real, reforça a narrativa de que as stablecoins estão sendo empregadas para fins práticos e não apenas especulativos.
Evolução do Ecossistema e o Pilar da Transparência
O ecossistema das stablecoins locais está em plena expansão, tanto em escala quanto em diversidade. Atualmente, cerca de US$ 47 milhões em stablecoins atreladas a moedas locais estão em circulação, distribuídos em oito diferentes blockchains. Este número




